sexta-feira

Ao pó retornarás, criança.

Crianças não entendem nada.
Não sabem do caos de que viemos.
Das teorias.
Do .
Crianças não conhecem a realidade de alucinações a que estamos sujeitos.
Crianças não imaginam como é estar preso do lado de cá.

Eu explicaria se houvesse tempo.
Mas meu relógio quebrou 
e tenho pressa de consertar.

quinta-feira

fumaça.

a fumaça era tanta
que deixou o que eu sentia embaçado.
a fumaça me levou pra tão longe
que eu não conseguia lembrar quem era.
a fumaça era tão forte
que fez meus olhos sangrarem
e meu coração lacrimejar.

o que me resta?
fumaça.
onde tem fumaça tem choro.


- quem é você ? - diz a Lagarta.


[parceria entre a Lagarta e a Filha do Vento]

quarta-feira

Cheio de maldade

Cheia de ciúmes, a rainha veio a me perguntar o que eu e Alice estavamos a fazer no mato.
Respondi de cabeça baixa e ainda despontado
Apenas bricavamos de quem dispira mais rápido
E eu ganhei...

Depois, atrasados para o chá das sete e quinze voltamos em meio passo
O silêncio entre os goles era constrangedor
Já só... Fui desleal o suficiente para treinar mais alguns disparos
Ao final, lavei as mãos e fui dormir.


O importante desse blog é que a gente se curte.



sexta-feira

A Coelho e o Chapéu

O máximo que ele poderia me oferecer era o seu chapéu.
Ele não tinha chá.
Não era o meu Chá-peleiro.
E eu não tinha mais tempo para ele.
Não tenho mais.
Não terei mais.
Mas ele me cativou há um certo tempo.
E já não podemos mais voltar atrás.

O máximo que ele poderia me oferecer era o seu chapéu.
E foi o que restou dele comigo a noite inteira.
Além, é claro, de um pouco de suor.
Mas isso eu também podia oferecer a ele.
E ele aceitou de bom grado.

O máximo que ele poderia me oferecer era o seu chapéu.
E eu aceitei.
Mal tive tempo pra me aproveitar.
As correntes me atrapalhavam.

O máximo que ele poderia me oferecer era o seu chapéu.
Eu não poderia oferecer o chapéu dele a ninguém.
Mas mesmo assim insistiam em tentar tirar de mim o pouco que ainda me restava dele.
Passei boa parte do meu escasso tempo correndo.
Correndo atrás do pouco dele que me restava para que não deixasse de pertencer a mim.

O máximo que ele poderia me oferecer era o seu chapéu.
E seu suor.
Mas eu nunca quis mais que um bom chapéu.

quarta-feira

A estranha história do chápeleiro

A rainha é de copas, o rei é de paus, mas não é espada. Por isso a agrada com ouros e festas. Não é culpa minha se ela sempre me convida para farras na hora do chá. Ela insiste, insiste na minha presença. Chego a pensar cá com meus botões que me quer para ser o curinga do seu baralho (topa qualquer coisa). Pelo menos é ela que assina os convites, vai saber se esse rei não é valete.
De qualquer forma, a hora e sempre do chá e meu chápeu está sempre na cabeça. Prefiro ficar com a cabeça no lugar e com o tempo preso nessa mesa. Já que tudo começou com uma briga minha contra o relógio. Ele olhou torto para a coelho, atrasou meu tempo e eu não dei corda. Quando derrotado ele fingiu que me perdoou, mas nunca mais mudou. Fez minha vida parar as seis da tarde. Fiquei preso na hora do chá e a coelho atrasada para a festa no parque.
Meu relógio agora só dita as dias, os ponteiros são desenhados a tinta. É minha vida.

É meu amigo... Eu li o livro e estudei o personagem. Quero ver Johnny Depp ter mais bagagem. Willy Wonka é chocolate perto de mim.


"Dizem que fumar mata,
por isso joguei tabaco na água quente.
Só porque disse que a erva do chá não maltrata,
tem gente fumando um cigarro diferente."

segunda-feira

aprende.

se o Sol aparece para todos,
por que a sorte é para poucos ?

é a vida, Alice.
aprende.

fugir ou ser livre?
às vezes a gente só precisa de asas .
o vento e a fumaça levam o resto.

e o sol brilha pra você aprender, Alice.


- quem é você? - diz a Lagarta.

sexta-feira

Invertem-se os papéis.

Sexta feira treze.
(de Coelho) esquerdo.
Nada funciona.
Nem na correria do almoço tive paz.
Hoje deu vontade de estar na pele da Rainha de Copas, só pra poder ordenar :



- ARRANQUEM AS CABEÇAS!

quinta-feira

Apagão

A luz apagou e todo mundo ficou cego.

A luz voltou e ficaram mais cegos ainda.

No escuro, pelo menos, a gente não se engana pensando ver o que não viu.

Só há verdade plena no vazio.

#O Gato.



quarta-feira

10/6


Uma coisa que não sai da minha cabeça é o chapéu. Já o cabelo nunca fui de sustentar. Daí a necessidade de uma cartola bem firme para enganar os que restam. No escuro ninguém me escapa. Nem pelo ralo.

Digo e repito que a queda de cabelo que me deixou louco. E que meu chá é apenas de boldo. A formula é bem básica, para prender meus fios de cabelo recorri a formas práticas e manuais de se fazer um chapéu que não amasse ou deixe minhas orelhas com tamanhos anormais. Algo que de fato me ficasse na cabeça por anos e anos. Deixando de lado o terror psicológico da calvície. Nada que o Google não pudesse ajudar e me avisar dos perigos do uso de tais produtos químicos.

Meu desespero era tanto que sai por esse país atrás de todos os termômetros que pude encontrar. Embora os de rua nem a hora certa conseguiram me dar. Quando os gases do mercúrio usado para endurecer o tecido me atingiram as idéias. Sabia que devia ter ficado só no chá.


"Brilha, brilha morceguinho
Brilha bem devagarzinho
Desce, desce, vem pousar
Lá no bulé do meu chá"
                                (Leirão)


domingo

Pedaços.

O que você perdeu ?
Eu não vim aqui pra responder.
O que foi escondido?
Eu não tenho que procurar.
O que você fez ?
Eu não sei.



Não adianta reclamar:
uma hora você vai ter que juntar os pedaços que foi perdendo no caminho.



- Quem é você ? - diz a Lagarta .

sábado

Maldito gato

O melhor insulto que já recebi na vida:

"Sua mãe jogou o filho fora e criou a placenta...
                                                              ... Miau"
                                                                              (O chapeleiro) revista Época, comentado o ocorrido na festa da ilha de Caras.




Abaixo, fotos da festa e dos dois envolvidos na briga:



















* Loucool

sexta-feira

A Dona das Perguntas.

questionadora por não encontrar respostas.
enigmática por acreditar na existência de um mundo além da fumaça.
complexa por não ter outro jeito.
mutante por natureza.

inicia sua caminhada presa à terra,
e, como destino, ganha asas.
faz longas viagens.
terra e céu não são limites,
são etapas.

- quem é você ? - diz a Lagarta.

quinta-feira

Where's waldo?

Hospício? Loucuras? Bah. É tudo uma questão de estilo, meramente.

As palavras pretensiosas que jorram aos montes não passam de tentativas mal-sucedidas de fugir do lugar-comum. Se são todos iguais, destaquemo-nos por supostas insanidades - enquanto isso, Raulzito se revira no túmulo.

Todos querem ser Wally, só que sem a roupinha ridícula.

Quando o que nos cerca é insoso, o caminho é ser diferente. Ou se fingir, pelo menos. Viva a geração de loucools!

#O Gato.

Eu sou um poeta

Um pequeno poema que escrevi essa tarde:

Fumando um cigarro e comendo uma maça
Nem um dia a mais nem um dia a menos.
Quero viver só o suficiente para te ver novamente...

segunda-feira

Tea with me

Chá é vida! Chá é paz! Chá é o amor que desce até o estômago, sobe pra cabeça e deixa o coração intacto... Chá é a solução para todos os males e palavras não ditas.

Michael Jackson foi tomar um chá e não voltou mais
(assim como o Serguei)
O Belchior também foi, mas esse voltou.
O Jô não revela, mas na sua caneca impera o chá.
E eu recomendaria que até o presidente trocasse sua pinga por uma erva daninha
Na água quente de um chá.

Sente se do meu lado e vamos nos declarar... Loucos por uma companhia, para o chá das seis, das sete e o dos oito, que começa as nove depois do jornal nacional.

Um plágio original
“Por você aprenderia
Esperanto e traria
Gorbatchev para uma série de palestras
Na casa da minha tia
Onde todos beberíamos chá
Na casa da minha tia
Fofocando sobre a Perestroika”



* O chá-peleiro

domingo

- papos

- e se eu me declarasse pra você?
- eu não saberia o que dizer.
- e se você se declarasse para mim?
- confesso, jamais pensei agir assim.
- e se nos declarássemos um ao outro?
- parece que seria muito louco.
- e se não nos declarássemos?
- acho que seria o máximo.
- mas é melhor não pensar nisso... não há tempo.
- concordo que seria um tormento.
- melhor deixar pra lá... tempo nunca haverá.

A Coelho